Sarau na Biblioteca abordará participação de intelectuais negros na história de Santa Catarina
Amanhã, quinta-feira, dia 28 de abril, a Administração Municipal de Tijucas, por meio da secretaria de Cultura, Juventude e Turismo, com apoio do Museu Tijucas e da Biblioteca Pública Municipal Edmundo da Luz Pinto, realizará mais uma edição do ‘Sarau na Biblioteca’.
A iniciativa, idealizada pela Oficial Academia Tijuquense de Letras (OATL), tem por objetivo incentivar as mais variadas formas de expressão artística, como música, poesia, além da leitura e de bate-papos. O Sarau será realizado na Biblioteca de Tijucas, sendo aberto à comunidade a partir das 19h.
“Este ano abordaremos o tema 125 anos do nascimento do escritor e memorialista catarinense Ildefonso Juvenal da Silva. Queremos estudar e revelar a participação dos intelectuais negros no desenvolvimento literário, econômico e social de Santa Catarina, no período pós-abolição”, diz a secretária municipal de Cultura, Juventude e Turismo, Paula Regina da Silva.
Quem foi Ildefonso Juvenal da Silva?
Nascido na antiga Desterro, no outono de 1894, Ildefonso Juvenal, filho de Ovídio Medeiros da Silva e Henriqueta Castro e Silva, aquele alforriado e esta liberta desde o nascimento, utilizou-se da educação como instrumento de superação dos estigmas que mantinham a população negra à margem dos meios e mecanismos de ascensão social na provinciana capital do estado.
Órfão de pai aos 12 anos, foi alistado na Escola de Aprendizes a Marinheiros, sediado na parte continental de Florianópolis, onde se presume ter aprendido o ofício de tipógrafo. Nesta instituição se destacou entre os meninos de sua idade, sendo homenageado por seus superiores.
Sua estreia no cenário literário de Florianópolis ocorreu em 1914, aos 20 anos, ao publicar com recursos próprios o livro Contos Singelos. Era apenas o início daquele que viria a ser uma das mais celebres expressões culturais na terra do autor de Broquéis ou, no dizer de Liberato Bittencourt, “Ildefonso Juvenal é assim, fiel, reprodução de Cruz e Sousa em terra Santa”.
Consta em sua biografia profissional os trabalhos realizados nos jornais O Azar e a A Casaca, ambos de 1911; Folha Rosea, de 1915; O Acadêmico, de 1923; e O Miliciano, de 1927. Na Polícia Militar, antiga Força Pública, trabalhou como professor de alfabetização e, mais tarde, após formado farmacêutico pelo Instituto Politécnico de Florianópolis, organizou o setor de Farmácia daquela instituição de segurança pública, chegando a Major no final de sua carreira militar.
Membro de diversas associações literárias, foi cofundador da Associação dos Homens de Cor, do Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, do Centro Catarinense de Letras, da Associação Promotora da Herma de Cruz e Sousa e da Associação dos Farmacêuticos de Santa Catarina. Pertenceu, ainda, como membro correspondente da Academia Rio-Grandense de Letras (Rio Grande do Sul), da Academia de Letras José de Alencar (Paraná), da Academia de Letras do Paraná, do Instituto Histórico de Geográfico de Santa Catarina e da coirmã na cidade de Santos, São Paulo.
Ao longo de 50 anos, publicou sobre os mais variados campos do saber, totalizando 17 obras, além de numerosos artigos dispersos nos jornais locais e nos periódicos do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
Fonte: Prefeitura de Tijucas | Texto: Patrícia Ferreira | Arte: Larissa Souza